Obras de José Coêlho Expostas na Cidade de Mêda
“Medas, Guerreiros e Paveias”
Foi inaugurada no dia 03 de Maio (Domingo) na Casa Municipal da Cultura de Mêda a obra do escultor José Coêlho intitulada “MÊDAS, GUERREIROS E PAVEIAS”, que é composta por esculturas em metal, contabilizando um total de cerca de 36 peças. Estas encontram-se instaladas no interior da sala de exposições da Casa Municipal da Cultura e no jardim envolvente à mesma, estando patente ao público até Setembro.
José Coelho reside em Riachos e estudou no Externato Paulo VI no Laranjeiro, no Instituto Politécnico de Santarém, bem como na Sociedade Nacional de Belas Artes em Lisboa.
A sua Obra esteve exposta em alguns pavilhões da Expo-98, estando por isso, representadas na Exposição Memórias da Expo, em Lisboa, Museu Martins Correia, na Golegã, e em muitos outros museus nacionais e colecções particulares. Participou ainda na exposição da Sociedade de Belas Artes “Cem Anos, Cem Artistas”, em Lisboa.
Foram-lhe atribuídos os prémios de primeiro prémio Ex Aequo Escultura Semana da Pedra, Alcanena 1989; Primeiro Prémio de Escultura Fórum Santarém 1995 e Menção Honrosa Prémio Edinfor 1997. Em 2003 foi-lhe atribuído o 1º Prémio da Academia Nacional de Belas Artes Dr. Gustavo Cordeiro Ramos, com a atribuição do título Honoris Causa.
De sublinhar que José Coelho é autor do símbolo dos Prémios Santareno de Teatro, que começaram a ser atribuídos em 2006, na Grande Gala Santareno, em homenagem ao grande dramaturgo, nascido em Santarém.
Nas esculturas que José Coelho nos mostra, numa primeira versão, “chapas moldadas”, recortadas e soldadas (aqui e ali com um leve traço de cor) assumem formas guerreiras, onde o espectador é convidado a “entrar” numa área dimensionada, povoada por esculturas que “parecem” ter apenas um único visitante – em cada um dos lados das esculturas encontram-se pontos de vista únicos que nos relevam figuras humanóides, “guerreiros” que são gerados/reconfigurados por todos os tipos de espectadores que, dobrando o corpo ou espreitando por pequenos orifícios existentes nas esculturas, vão deformando, com o olhar, a distância entre os seus vários elementos formais e consequentemente emitindo novos sentidos.
Segundo José Coelho, na génese deste seu trabalho, encontram-se referências a Dionísio, Deus da constelação mitológica grega que afirma o prazer, o informe… Esta última referência implica necessariamente o espectador que, desde logo, não procura de forma simples o lugar de quem assiste a um qualquer espectáculo que decorre alheio à sua presença, mas firme em encontrar a posição que lhe dá acesso à descodificação (ao prazer) da anamorfose presente nos guerreiros dionisíacos de José Coelho.
Aurélio Saldanha, chefe da Divisão Sócio Cultural da Câmara Municipal de Mêda, numa das suas visitas a Riachos, ficou impressionado com a obra do escultor, em particular com a “Cruz do Senhor Jesus”, dirigindo um convite ao escultor para expor em Mêda. Devido à dimensão desta peça em particular e por esta se encontrar fixa, não possibilitando a sua deslocação, o escultor José Coêlho, executou uma idêntica a que chamou “Cruz Santa”, uma vez que a exposição iria ser inaugurada no dia da Romaria de Santa Cruz.
Aurélio Saldanha, refere também que no diálogo com José Coelho encontramos a preocupação que o escultor manifesta em dar a tudo um sentido. No forte emaranhado das suas ideias, expressões, e palavras, podemos encontrar esta outra dimensão do Homem. O olhar para lá do ferro! Dada a sua forte ligação com o “sagrado” e com “Jesus Cristo”, temática patente em algumas das suas peças, José Coêlho retoma a temática da “paixão e libertação” concretizada em peças mais explícitas de Cristos crucificados, e nesta obra especialmente feita para o Município de Mêda a que deu o título de “Medas, Guerreiros e Paveias”. Com esta mostra faz a aproximação entre “paveia” termo mais utilizado no Ribatejo e “meda”, termo mais usado na Beira – vocábulos com o mesmo significado linguístico – conjunto de trigo ceifado pronto para a debulha.
Dr. Jorge Lima Saraiva, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Mêda referiu que foi uma grande honra para o município receber uma obra de tão ilustre artista, salientando que é a primeira vez que uma exposição deste carácter é exposta no concelho. Mencionou também que a escultura privilegia o olho, o olho do artista e também do espectador que se unem num único ponto de fuga da representação e que é capaz de traçar linhas de continuidade com propostas como a de José Coelho, onde o olho acaba por se transformar num corpo que, de forma efectiva, age num espaço e dessa acção faz depender a leitura da própria obra.
O Município de Mêda agradece a José Coêlho a gentileza e amabilidade com que aceitou o convite. Foi com grande orgulho que recebemos esta colecção de esculturas em metal, composta por algumas peças que foram apresentadas ao público pela primeira vez, tendo sido pensadas especialmente para esta exposição.