XXII Feira do Livro
Decorreu na Biblioteca Municipal e Casa da Cultura entre 1 e 7 de abril a XXII Feira do Livro de Mêda, uma organização partilhada entre o Município de Mêda e o Agrupamento de Escolas.
Na abertura o prof. Edgard Pereira, director da escola, referiu precisamente esse esforço conjunto que tem feito a sua história, deixado a sua marca, persistindo nessa memória. Anselmo Sousa, Presidente do Município de intróito referiu a importância da leitura e do livro, enquanto objecto primordial de informação e de conhecimento e, regozijou-se, com a presença de uma personalidade tão mediática e notabilizada em termos de percurso profissional e literário como é a de Francisco Moita Flores, que veio conferir ainda maior dignidade a uma actividade cultural do Município que já é conotada como sendo a de maior antiguidade. O certame haveria de prosseguir no auditório da Casa da Cultura com o XXI encontro do Clube de Leitura, sob moderação de Paula Neto, no qual se analisou o último livro de Moita Flores “O Mistério do Caso de Campolide”: referências a diálogos que evidenciam concepções de mentalidade do homem perante a morte, também, as intervenções e o papel peculiar de personagens como o Arengas, que confere a luminosidade que contrasta com o cinzentismo e o drama que percorre e matiza toda a obra, ou, mesmo, a do inspector Simão Rosmaninho o arauto da sobriedade e da lucidez; o suspense e o enredo na construção do romance policial, outros pormenores metodológicos de estrutura narrativa; a efemeridade nas várias dimensões que pautam a vida existencial, foram aspectos objecto de questão e posterior esclarecimento pelo autor.
Quarta-feira, 3 de abril, foi dia de concurso de leitura, tendo por destinatários alunos de turmas do 5º e 6º anos do Agrupamento de Escolas de Mêda. Mediante critérios de articulação, pontuação, expressividade¿Maria Vieira do 5ºA salientou-se na leitura de um excerto do livro “Pedro Alecrim” da autoria de António Mota.
Na quinta-feira realizou-se um encontro com a escritora de livros infantis Susana Campos. A escritora veio à Mêda veicular a mensagem que encerram os seus livros que tratam a adopção, o medo e a diversidade dos sentimentos e afectos que caracterizam quotidianamente as relações sociais e humanas.
Sexta-feira na sala de adultos da biblioteca realizou-se a conferência “Crescer com a diferença numa escola mais inclusiva”. Foi moderada pela Associação de Pais e teve por intervenientes Susana Falhas, Joana Proença e Márcio Silva. Nas suas intervenções consciencializaram o público presente para o autismo e suas perturbações, as terapias disponíveis, a necessidade de as reajustar, os avanços e recuos no processo de ensino-aprendizagem, o papel dos pais.
No sábado foi inaugurada a exposição “Crianças no Mundo com Direitos”. Produzida pelo Instituto de Apoio à Criança, os seus 38 expositores, registam uma viagem pelos direitos da criança em diferentes países de África, Ásia, América e Europa, descrevendo o seu contexto social, económico e político em locais onde se verificam não só privações mas, também, experiências aliciantes de como os direitos da criança poderão ser postos em prática, tendo por agentes propulsores escolas, organizações, grupos de pessoas. Esta exposição é ainda mais pertinente porque se assinalam este ano os 60 anos da Declaração dos Direitos da Criança, proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas e, os 30 anos da convenção igualmente sobre os mesmos direitos. Continuará patente no átrio da biblioteca até 15 de maio. De seguida, na Casa da Cultura realizou-se o II encontro de coros e, no final, procedeu-se à distribuição de livros pelos membros do Clube de Leitura segundo critérios de assiduidade e participação, um tributo de agradecimento que o Município quis prestar, num projecto que assinala 5 anos no próximo mês de maio.
Domingo, último dia de Feira, é de salientar a magnífica adaptação da Farsa de Inês Pereira pelos alunos do Clube de Teatro do Agrupamento de Escolas de Mêda e a dramatização pelo Grupo do Vale do Porco das peças “Velhas Gemidinhas e Barbearia Atómica”, um esforço e boa vontade de transmitir às gerações atuais tradições, usos e costumes de um passado incutindo-lhe humor, boa disposição e vocábulos então empregues e que caíram em desuso por evolução filológica e linguística.
Não poderíamos terminar sem deixar o nosso agradecimento a todos os intervenientes que se disponibilizaram gratuitamente a valorizar a Feira do Livro, contribuindo e sensibilizando à multiplicação de leituras, mantendo viva a cruzada em prole do livro, esse objecto precioso de 5 séculos de existência, segundo o complexo e a galáxia de Gutenberg.