De 9 a 13 de junho decorreu na Biblioteca Municipal e Casa da Cultura a XXIII edição da Feira do Livro de Mêda. Foi o retomar de um dos eventos culturais com maior historial do Município, suspenso no ano transato com o surgir da Pandemia. Com a presença do Sr. Presidente da Câmara Municipal Anselmo Sousa e do Diretor do Agrupamento Escolar Luís Lopes procedeu-se à abertura do certame na quarta-feira, 9 de junho, com destaque para a exposição de trabalhos realizados pelos alunos do Jardim de Infância e terceiro ciclo do Ensino Básico, alusivos ao conto do Pinóquio e no âmbito da disciplina de educação visual, trabalhos esses representativos de átomos, arcos em ogiva, contracurvados e de volta inteira, e uma árvore do amor na qual os alunos de modo individualizado registaram a noção desse sentimento em cada uma das suas folhas. Durante a tarde realizou-se um encontro com o escritor Carlos Adaixo para alunos do terceiro ciclo e secundário. É de sublinhar a empatia que o autor proveniente da Guarda conseguiu estabelecer procurando utilizar uma linguagem, estratégia e conceções que fossem ao encontro dos jovens presentes na sala do auditório da Casa da Cultura. A importância da forma como comunicamos uns com os outros pela palavra e pela Acão; a transmissão da palavra ao longo dos séculos e a massificação da leitura com o surgir da imprensa de Gutenberg; a complexidade do ser humano e a sua capacidade de intervenção, que vai sempre mais além, confrontando com os outros animais (sensitivos) que somente sentem a dor, a fome e o prazer; os livros enquanto bens preciosos e agentes de transformação da realidade que competem cada vez mais com uma oferta cultural diversificada, e, acima de tudo, a magia da palavra e da educação que nos faz evoluir e crescer como pessoas, foram alguns dos conceitos transmitidos. O autor de seguida apresentou os seus três romances “O Inverno no teu olhar”, “Bairro da Caixa” e “Café no Centro da Cidade”.
Na sexta-feira, 11 de junho foi a vez do escritor António Martins, Professor na Escola Básica e Secundária da Sé-Lamego, apresentar o primeiro livro que escreveu para crianças “Pinóquio é imortal”, ele que tem escrito preferencialmente livros de contos, de poesia e artigos de literatura em jornais como “Voz de Lamego”, sendo especialista na literatura do Holocausto.
No domingo, 13 de junho, realizou-se o XXVI encontro do Clube de Leitura para debater o livro “Filhos Brilhantes Alunos Fascinantes”, edição de 2006, do escritor brasileiro Augusto Cury. Paula Neto animadora sociocultural da Biblioteca Municipal moderou a sessão e todos os intervenientes procuraram sobre ângulos diferenciados escalpelizar um livro de auto-ajuda que nos ensina a não ter medo da vida e a vivê-la na plenitude, usando para tal as lágrimas (passagens de sofrimento) e a inteligência. O local da Acão centra-se na Escola dos pesadelos onde professores e alunos vivem ansiosos, deprimidos e amedrontados. A transformação da Escola dos pesadelos numa escola de sabedoria e de sonhos é o propósito do protagonista principal, o prof. de Física Romanov, que com práticas inovadoras e criativas contagia os alunos e até professores de outras disciplinas que ali lecionam na mudança de discurso e de práticas educativas. O autor procura preconizar relações saudáveis na escola, mas, também, nas famílias disfuncionais onde falta o diálogo entre pais e filhos; também o moldar da juventude, a grande riqueza da sociedade que não consegue debater ideias, que detesta a rotina, ama a fantasia, que quer tudo no imediato e não sabe superar conflitos com a sensatez devida… Foram transmitidas algumas experiências em contexto escolar proferidas por professores membros do Clube de leitura. A apologia do ser humano que formata uma dimensão única, cada um de nós «representando uma estrela única no palco da vida» e por
outro prisma as nossas limitações e atitudes erráticas que importa trabalhar e se possível apreender com o erro dos outros foram outras temáticas debatidas, num livro que em sentido abrangente além do lado comercial, contribui civicamente para o determinar de um novo rumo para a sociedade.
O certame haveria de culminar no espetáculo do Grupo Senza, a vocalista com raízes na freguesia de Outeiro de Gatos. As músicas resultaram de um projeto de recolha de tendências culturais e cultuais adquiridas ao longo de uma viagem prolongada pelo sudoeste asiático, daí resultando e emergindo uma mistura de sons e ritmos com exoterismo, muita inovação e criatividade.
Estão de parabéns a equipa da Biblioteca Municipal, da Biblioteca Escolar, o Gabinete de Comunicação e Imagem, os alunos, educadores, auxiliares de educação bem como todos aqueles que de uma forma ou de outra contribuíram para que a Feira do Livro mais uma vez tivesse lugar, em circunstâncias ainda difíceis, no recobro de uma pandemia, de medos e traumas instalados, com as condições climatéricas adversas do último dia, bem notório na afluência de público ao espetáculo de domingo á noite.