No dia 8 de abril, realizou-se no auditório da Casa da Cultura o XXIX encontro do Clube de Leitura, moderado pela Biblioteca Escolar do Agrupamento de escolas de Mêda, e a participação dos membros do Clube de Leitura de professores e alunos do 9ºano, da turma de Língua Portuguesa.
A Biblioteca escolar escolheu o livro “O rapaz do pijama às riscas” de John Boyne, um livro centrado temporalmente na 2ª Guerra Mundial, que vem a propósito, numa altura em que a humanidade volta a passar por momentos similares, trágicos, dramáticos, de guerra, de violação dos direitos humanos… Nomeadamente, na Europa que até vinha a passar por um período intermédio de paz, e de concórdia, procurando-se de certo modo na generalidade dos países, pôr em prática valores da ideologia democrática, como a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Foram analisadas as principais vertentes de um livro em que o seu autor procura esbater o sofrimento, o medo e o grotesco nas atitudes de determinadas personagens, com passagens hilariantes, e de algum dinamismo, como por ex: «o pneu sobresselente que tenho visto por aqui é o do sargento Hoffschneidere, ironizando-se com a gordura excessiva deste militar, ou a gradação de frases como «o pontinho transformado em pinta, depois em mancha, vulto e rapaz».
Bruno a personagem principal foi objeto de consideração caracterizando-se no gesto peculiar de abrir os braços, no sentido de abraçar o conhecimento e o mundo à sua volta; pela coragem e irreverencia, gosto por histórias de cavaleiros, de aventuras e explorações. Veio à colação a Guerra na Ucrânia, a ideologia patriótica, os nacionalismos vincados em campanhas de propaganda e na literatura ofensiva aos judeus; o camuflar da realidade do teatro militar. Foram visualizados 2 excertos do filme de modo a confrontar eventuais diferenças com o livro e solidificar conceitos que ficaram menos esclarecidos com a leitura.
Teceram-se considerações sobre o medo, a opressão e a falta de liberdade expressão na criadagem, nomeadamente na reação de Maria, no abrir e no fechar repentino da boca, como se tivesse medo das coisas que iria dizer; considerados como de outra espécie e ausência de sentimentos.
Ao analisarmos um livro com esta temática pensamos estar a contribuir de modo pedagógico e altruísta para o consolidar de valores e o desbravar dos bons caminhos. Conscientes, por um lado do fracasso das grandes instituições políticas e de organizações representativas como a O.N.U., e, por outro, de que o ressurgir de um conflito bélico, seja de que dimensão for, é e será sempre um fracasso da humanidade, ela que por natureza já é frágil, com a perda de princípios fundamentais e o voltar a patamares julgados superados e consolidados, o voltar a espaços tumultuosos e pantanosos.